A começar pela primeira faixa de Party Hats, “Share the Sea”, prepare-se para ouvir uma gostosa fusão de jazz com funk e soul que se mantém até o final do álbum. Essa canção inicial tem muito balanço obtido principalmente pela ginga de Will Bernard com sua guitarra e pelo Hammond B3 de Wil Blades, que são muito bem escorados no baixo de Keith McArthur, na percussão de Josh Jones e na bateria de Jan Jackson. Os sopros e metais, nos quais incluem-se aí o sax alto de Cochemea Gastelum, o sax tenor de Joe Cohen, o trompete de Mike Olmos e o trombone de Adam Theis, trabalham tanto com solos distorcidos, mas complementares, quanto marcando um tema central na canção. O resultado é muito balanço e uma vontade muito grande de se mexer.
“White Elephant Sale” tem um ritmo constante, no qual o baixista Ryan Newman e o baterista Jackson fornecem as bases para os solos suingados de Bernard com sua guitarra e de Cohen no sax tenor. Uma canção apenas para compor o disco.
“Ripple Sole” começa com um solo de sax tenor de Peter Apfelbaum, que parece ser um chamado para que os demais músicos adentrem a canção. O que se tem, então, é muito balanço com o hammond B3 de Michael Bluestein, que dá a entrada para um ótimo solo de guitarra de Bernard. As batidas mais pesadas de Paul Spina na bateria dão o ritmo certo para essa canção, que é reconhecidamente um fusion para ser respeitado. Um dos pontos altos do álbum.
Bernard e Blades fazem um dueto à reggae em “Leo’s Cat”, mostrando as influências da world music nas composições do guitarrista. O ritmo lento e cadenciado da canção dá a liberdade para Bernard solar longamente com muita ginga, enquanto Blades faz a complementação e deixa o som mais encorpado com seus efeitos eletrônicos.
A canção que dá nome ao álbum, “Party Hats”, é um bom trabalho coletivo do grupo que tem no ritmo marcado por Jackson e Newman a sustentação para os solados de Bernard e Cohen. Uma canção agradável certamente, mas que não traz surpresas nem brilho.
“Afro Sheen” tem muito balanço a começar pelo estilo mais rápido e pesado de Spina na bateria, pelo swing natural de Bernard nas seis cordas e pelo acompanhamento preciso de Blades, enquanto os metais e sopros com Cohen, Apfelbaum, Olmos e Theis, cada a seu tempo, dão dinamismo à canção e seus breves solos são perfeitamente integrados ao som do grupo. Uma lição de como suingar sem perder o foco na melodia motriz.
Composta por Bernard, Jackson e McArthur, “Chin Up” tem no seu ritmo denso a inclusão dos sopros e metais para compor a levada funky da canção, uma vez que esses instrumentos participam quase vinhetando, até que o trompete de Olmos e o trombone de Theis juntam-se a uma fusão do hammond B3 de Blades com o piano elétrico de Bluestein que levam a melodia a uma quase erupção, causando um crescendo empolgante que se dilui por ele mesmo como uma tempestade que desvia de sua rota.
“Newbie” é um fusion com cara de anos 1970. A baquetadas de Spina dão uma cara mais rockeira para essa canção, que só se confirma com o som do hammond B3, que lembra algo já feito pelo Uriah Heep em algum lugar do passado. O solo agradável de Bernard, mais uma vez cheio de balanço, confirma o que foi dito anteriormente. O saldo final é positivo, pois ao ater-se ao próprio swing, os músicos foram econômicos e não partiram para solos dispersivos que poderiam descaracterizar a canção.
“Foldind Green”, fortemente marcada pela soul music e por elementos funk, encontra no dueto de Bernard e Blades o seu ponto alto. A adição de Dave Ellis no sax tenor dá à canção um gostoso contraponto entre o sopro e o elétrico, mas que poderia ter sido mais explorada. “Rattle Trap” traz alguns dos mesmos elementos da canção anterior, porém dá mais liberdade a Ellis para solar, o que ele faz com muito vigor.
“Penske” retoma a sonoridade mais rockeira com uma base rítmica pesada liderada por Jackson e Newman, que sustenta o avanço de Blades com o seu solo do álbum, enquanto Bernard puxa a melodia impondo seu balanço. Mais uma vez temos um bom momento de fusion em quarteto.
Party Hats recebeu a indicação para o Grammy 2007 como melhor álbum de jazz contemporâneo. Com grandes momentos de muito balanço e descontração, infelizmente, o álbum começa a se tornar repetitivo quando se aproxima do seu final. De qualquer modo, dá uma boa noção de quanto Will Bernard pode se desenvolver como compositor e contribuir para o avanço do jazz no século XXI.
Todos os músicos que participaram do álbum:
Will Bernard: guitarra
Wil Blades: hammond B3
Keith Mcarthur: baixo (1, 7)
Ryan Newman: baixo (2, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 10, 11)
Jan Jackson: bateria (1, 2, 4, 5, 7, 11)
Paul Spina: bateria (3, 6, 8, 9, 10)
Cochemea Gastelum: saxofone alto (1)
Joe Cohen: saxofone tenor (1, 2, 5, 6, 7)
Peter Apfelbaum: saxofone tenor, qarqabas, melodica (3, 6, 7)
Dave Ellis: saxofone tenor (9, 10)
Mike Olmos: trompete (1, 6, 7)
Adam Theis: trombone (1, 6, 7)
Josh Jones: percussão (1, 4, 5, 6, 7)
Michael Bluestein: hammond B3 e piano elétrico (3, 7)
Faixas de Party Hats:
01. Share the Sea [Bernard] 5:36
02. White Elephant Sale [Bernard] 4:16
03. Ripple Sole [Bernard] 6:31
04. Leo's Cat [Bernard] 6:19
05. Party Hats [Bernard] 5:05
06. Afro Sheen [Bernard] 6:55
07. Chin Up [Bernard, Jackson, McArthur] 4:56
08. Newbie [Bernard] 4:16
09. Folding Green [Bernard] 4:57
10. Rattle Trap [Bernard] 4:48
11. Penske [Bernard] 4:39
Ouça um pouco do álbum no site oficial de Will Bernard.
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2 comentários:
Will Bernard é um dos melhores músicos da atualidade. Procure por um CD chamado POTHOLE, lançado nos anos 90. Se não achar, me manda um e-mail: heilfetz2003@yahoo.com.br
Pablo,
o blog está ótimo. Gostei também da suas playlist do Finetunes.
Abração
Aluízio Amorim
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