domingo, 26 de outubro de 2008

As vibrações orgânicas de Joey DeFrancesco

O órgão Hammond B3 tocado por Joey DeFrancesco no álbum Organic Vibes, lançado em 2006 pela Concord Jazz, pertenceu ao lendário Jimmy Smith, um dos mentores do líder deste grupo. A idéia de DeFrancesco neste álbum era expandir a sonoridade conjunta do órgão e do vibrafone, por isso o álbum recebeu o título que tem. De acordo com o organista, esse dueto nunca foi muito explorado, mas apresentou bons resultados, portanto essa seria uma boa oportunidade para trabalhar essa sonoridade. O vibrafonista escolhido para o álbum foi o veterano Bobby Hutcherson, que encontrou grande afinidade musical com DeFrancesco. Juntos realizaram um grande álbum e o objetivo do organista certamente foi alcançado.

A faixa inicial do álbum, “The Tackle”, começa com um ritmo swingado, que se desenvolve em uma batida mais bop, na qual destacam-se os solos de vibrafone de Bobby Hutcherson e do sax tenor de Ron Blake. Ao fundo, na condução rítmica está o baterista Byron Landham, o guitarrista Jake Langley e, por vezes, o organista Joey DeFrancesco, até que este direciona o seu Hammond B3 para o primeiro plano e nele executa um solo ágil cheio de balanço. O resultado de tudo isso é um hard bop de primeira qualidade.

Em “Little B’s Poem” a flauta de Blake soando contemplativa, o Hammond B3 de DeFrancesco quase frenético em alguns momentos e o vibrafone de Hutcherson estabelecendo uma ponte dão um refinamento à canção. A perfeita integração entre esses instrumentos é o que faz o sucesso da melodia que a todo momento se mantém bastante progressiva.

“I Thought About You” tem no belo dueto de DeFrancesco e Hutcherson o seu ponto alto. Enquanto Landham conduz o ritmo usando vassourinhas, à frente na condução melódica desta deliciosa balada estão o Hammond B3 e o vibrafone, que travam um diálogo de muita afinidade e transformam a sonoridade sentimental da canção em um casamento feliz entre os dois instrumentos.

“Somewhere in the Night” adiciona o sax tenor do veterano George Coleman ao trio original (DeFrancesco, Hutcherson e Landham), que enriquece o tema central da canção, que se desenvolve e é executado com muita propriedade nos duetos entre o Hammond B3 e o vibrafone. O curto solo de guitarra de Langley acrescenta ainda mais qualidade à melodia e através da ponte feita por DeFrancesco temos acesso a um agradável solo de Coleman, que devolve para o organista a função de conduzir, junto com Landham, a canção.

“Down the Hatch” tem um balanço muito gostoso na melodia, que é em grande parte responsabilidade do sax tenor de Coleman. Landham e DeFrancesco fazem o plano de fundo para que o sopro ganhe destaque inicialmente. Quando o Hammond B3 passa para o primeiro plano, o que se tem é uma demonstração de grande habilidade e um ótimo senso de swing por parte de DeFrancesco.

A versão hard bop de “Speak Low” é surpreendentemente boa. Quem espera uma versão lenta e intimista como de costume também é feita para esse standard também será surpreendido. O ritmo acelerado puxado por Landham é seguido com grande competência por Coleman, que junto a DeFrancesco mudam a cara da canção. Certamente este é um dos pontos altos do álbum, pois os músicos conseguiram fazer desta versão hard bop uma referência de como tocar “Speak Low”.

“Jeneane’s Dream” funciona muito bem com Hutcherson e DeFrancesco tocando a mesma nota em uma harmonia muito bonita que dá os ares iniciais dessa balada. Em seus solos, ambos mantém o alto nível em que a melodia vinha sendo conduzida e acrescentam suas interpretações ao tema central. O resultado é uma canção de fácil e agradável acompanhamento por parte do ouvinte.

O clima intimista de “My Foolish Heart” é perfeito para demonstrar a integração obtida por Hutcherson e DeFrancesco. A tônica da canção é o Hammond B3 fazendo a base para que o vibrafone tome o lugar principal em guiar a melodia, o que Hutcherson realiza com grande propriedade. Toda a motivação sentimental da canção é muito bem captada e expressa nesta versão.

O álbum é fechado com “Colleen”, uma canção que começa com uma clara inspiração na bossa nova. O sax soprano de Blake dá ainda mais suavidade à melodia, que flui com grande leveza, enquanto o ritmo puxado por Landham é bem marcado e até estático. O solo de Langley dá continuidade ao trabalho do soprano colocando a interpretação das seis cordas para o tema central, que ainda é expandido na interpretação de DeFrancesco, que se permite mais liberdade na improvisação.

A idéia de juntar o Hammond B3 que pertenceu a Jimmy Smith e o vibrafone de Bobby Hutcherson funcionou muito bem nesse álbum, que faz de Joey DeFrancesco um dos principais organistas de jazz da atualidade. A maneira como DeFrancesco sabe se colocar nas canções, ora como principal condutor da melodia, ora como mero coadjuvante, explica em grande parte o sucesso na execução do repertório de Organic Vibes, uma vez que ele não se comporta como uma estrela que precisa ser a mais brilhante o tempo todo, mas trabalha na harmonia musical, o que é o ponto forte desse grupo. Altamente recomendável, Organic Vibes deve agradar aos fãs do órgão Hammond B3 e também aos aficionados por vibrafone.

Todos os músicos que participaram do álbum:
Joey DeFrancesco: órgão Hammond B3;
Bobby Hutcherson: vibrafone;
Ron Blake: saxofone tenor, saxofone soprano, flauta (1, 2, 9);
George Coleman: saxofone tenor (4, 5, 6);
Jake Langley: guitarra (1, 4, 9);
Byron Landham: bateria.

Faixas de Organic Vibes:
01. The Tackle [DeFrancesco] 8:09
02. Little B's Poem [Hutcherson] 6:29
03. I Thought About You [Mercer, VanHeusen] 9:26
04. Somewhere in the Night [Reid, Reid] 8:33
05. Down the Hatch [DeFrancesco] 6:51
06. Speak Low [Nash, Nash, Weill] 7:52
07. Jeneane's Dream [Landham] 4:21
08. My Foolish Heart [Washington, Young] 6:06
09. Colleen [DeFrancesco] 6:43

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Veja o vídeo de Joey DeFrancesco e Bobby Hutcherson tocando “Litte B’s Poem”:


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Veja o vídeo de Joey DeFrancesco e Bobby Hutcherson tocando “I Thought About You”:


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Veja o vídeo de Joey DeFrancesco e Bobby Hutcherson tocando “Somewhere in the Night”:

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Veja o vídeo de Joey DeFrancesco tocando “Speak Low”:

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Veja o vídeo de Joey DeFrancesco e Bobby Hutcherson tocando “My Foolish Heart”:

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Veja o vídeo de Joey DeFrancesco e Bobby Hutcherson tocando “Just Friends” (canção não incluída no álbum):




Veja o vídeo de Joey DeFrancesco e Bobby Hutcherson tocando “Take the Coltrane” (canção não incluída no álbum):

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sábado, 11 de outubro de 2008

Você está convidado a adentrar o cinema invisível de Aaron Parks

Lançado em 2008 pela gravadora Blue Note, Invisible Cinema é o primeiro trabalho de Aaron Parks como líder para uma gravadora maior. Conhecido por ser o pianista do grupo do trompetista Terence Blanchard, Parks apresenta dez composições próprias, que fazem referência a um jazz “espontâneo” e “cinemático”, conforme definições do próprio Parks. O talento do pianista e seus duetos viajantes com o guitarrista Mike Moreno são destaques de Invisible Cinema.

“Travelers”, a primeira faixa do álbum, puxa o ouvinte para duas rotas diferentes, porque de um lado o baterista Eric Harland executa uma base de jazz-funk; enquanto, o pianista Aaron Parks toca uma melodia cheia de recursos e que se constrói o tempo todo, que ao final da canção se transforma em uma melodia clássica, tanto que se ouvido separadamente, o solo de Parks é próximo de uma sonata.

A bela melodia de piano de “Peaceful Warrior” é a marca dessa canção por sua suavidade e apurado senso estético. A bateria de Harland e o baixo de Matt Penman conduzem o ritmo para que Parks para solar espontaneamente, o que ele faz com maestria. A melodia introspectiva passa por uma transformação e uma mudança de andamento com a entrada do solo do guitarrista Mike Moreno que adiciona um balanço à canção. O diálogo entre o piano e a guitarra é a tônica da segunda parte da canção. Uma nova mudança de andamento faz a melodia voltar à introspecção, quando Parks, tocando belas notas, conduz a canção para o seu empolgante final. Apenas nessa canção, o pianista já mostra ser cheio de recursos como intérprete e compositor, pois “Peaceful Warrior” é uma bela obra-de-arte.

“Nemesis” se constrói a partir do piano de Parks tocando repetidamente a mesma nota e Moreno fazendo um solo repleto de lacunas. O efeito do piano, do baixo e da bateria é quase hipnótico, pois o ritmo é meticulosamente mantido até que Parks se liberta para solar. Mas é um engano pensar que o piano está realmente liberto, pois Parks volta a marcar o ritmo com uma das mãos e tocar um glockenspiel com a outra; enquanto, Moreno conduz a melodia com um solo viajante à Pat Metheny.

“Riddle Me This” tem um ritmo constante e bem marcado pelo baixo de Penman e a bateria de Harland, enquanto o piano de Parks, acompanhado pela guitarra de Moreno, produz uma melodia que tem um crescendo e que vai envolvendo até acabar bruscamente. Já “Into the Labyrinth” é uma canção solo de Parks, na qual uma atmosfera intimista é preponderante.

A primeira parte de “Karma” contrasta o ritmo balançante de Harland e Penman com a melodia introspectiva de Parks e Moreno. A progressão da canção vai dando mais liberdade ao pianista e ao guitarrista que são responsáveis por belos duetos em uma peça que se caracteriza por sua espontaneidade e por seu estilo viajante, que conduz o ouvinte devido a sua fluidez. Parks e Moreno conseguem um entrosamento muito bom nessa faixa, e o mesmo pode ser dito de Penman e Harland, o que faz o trabalho do quarteto excelente.

“Roadside Distraction” cativa por seu balanço, que incorpora alguns elementos bluesy. Parks e Moreno dialogam bem na construção da melodia, enquanto Penman e Harland de maneira competente fazem o acompanhamento.

“Harvesting Dance” encontra na melodia elegantemente conduzida por Parks a sua força central, que é bem distribuída nas batidas bem marcadas por Harland, no baixo seguro de Penman e, principalmente, nos solos e acompanhamentos de Moreno, que encontra muita liberdade para deixar sua sonoridade fluir. É fácil deixar-se envolver pela canção, porque ela é muito bem construída e os duetos de guitarra e piano são repletos de energia.

A suavidade na condução rítmica de Harland e Penman em “Praise” encontra no piano de Parks, e no acompanhamento de Moreno, uma peça de grande beleza. Trata-se de uma canção em que o piano está em primeiro plano, o que faz de Parks o responsável por uma melodia tão agradável. Apesar de lenta, não é uma balada; apesar de suave, não soa intimista; “Praise” é uma linda canção que cativa.

O álbum encerra com “Afterglow”, uma canção solo de Parks com um tom intimista, na qual ele desenvolve um tema sem nunca se afastar da sua referência inicial.

Já considerado como um dos grandes lançamentos de jazz de 2008, Invisible Cinema, que alcançou a posição 21 no Top Jazz Albums da Billboard, dificilmente deixará de dar alguma premiação ao pianista e compositor Aaron Parks nas tradicionais eleições de melhores do ano. O álbum é consistente e apresenta canções de qualidade, além de mostrar não apenas o talento e a capacidade técnica de Parks, mas traz também um grupo de talentosos músicos que juntos realizam um grande trabalho. Parks é um dos mais promissores pianistas de sua geração e alguém de quem pode-se esperar muita contribuição para o jazz o século XXI.

Todos os músicos que participaram do álbum:
Aaron Parks: piano, mellotron (3), glockenspiel (3), teclado (3, 5, 6, 8);
Mike Moreno: guitarra (2, 3, 4, 6, 7, 8 e 9);
Matt Penman: baixo (1, 2, 3, 4, 6, 7, 8 e 9);
Eric Harland: bateria (1, 2, 3, 4, 6, 7, 8 e 9).

Faixas de Invisible Cinema:
01. Travelers [Parks] 5:34
02. Peaceful Warrior [Parks] 9:39
03. Nemesis [Parks] 6:14
04. Riddle Me This [Parks] 2:43
05. Into the Labyrinth [Parks] 2:53
06. Karma [Parks] 8:06
07. Roadside Distraction [Parks] 2:44
08. Harvesting Dance [Parks] 9:35
09. Praise [Parks] 4:43
10. Afterglow [Parks] 2:45

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Veja o vídeo de Aaron Parks tocando “Travelers”:



Veja o vídeo de Aaron Parks tocando “Peaceful Warrior”:



Veja o vídeo de Aaron Parks tocando “Nemesis”:

domingo, 5 de outubro de 2008

Regina Carter estará com você nesta jornada sentimental

Lançado em 2006, pela gravadora Verve, o álbum I’ll Be Seeing You: A Sentimental Journey é uma homenagem a Grace Louise Carter, a falecida mãe da violinista Regina Carter. O repertório escolhido é composto pelas canções prediletas da mãe dela, a maior parte standards norte-americanos, blues e canções da Swing Era. O clima nostálgico é constante em todo o álbum, o que faz deste CD uma bela oportunidade para apreciar composições de Hart, Rodgers, Ellington e outros com uma ótima qualidade de gravação. Prepare-se para 66 minutos de muito swing.

A primeira faixa do álbum é uma versão post-bop de “Anitra’s Dance”, do compositor pós-romântico norueguês Edvard Grieg, parte da célebre obra Peer Gynt. A apropriação jazzística da canção deu nova vida à obra, pois a adição da seção rítmica com Alvester Garnett na bateria e Matthew Parrish no baixo incorpora mais dinamismo ao conjunto, uma vez que a melodia, conduzida por Regina Carter no violino, Gil Goldstein no acordeom e Xavier Davis no piano, é acelerada e ganha muito em balanço. Destaque para o dueto entre o violino e o clarinete de Paquito D’Rivera, apoiado na seção rítmica, que dá um ritmo dançante à canção, que, naturalmente, não existia na composição original.

“Little Brown Jug”, popularizada com a orquestra de Glenn Miller, retorna, nesta versão, para as suas origens de canção folk. Tocada por um pequeno grupo, a melodia é levada pelo violino de Carter, que em primeiro plano ganha o destaque principal, enquanto o acordeom de Goldstein e o clarinete de D’Rivera complementam o som deixando-o mais robusto. O trio piano, baixo e bateria faz o acompanhamento com muita precisão, ditando o ritmo sem atrair para si o foco principal.

“Bei Mir Bist Du Schön”, uma canção de origem judaica com versos cantados em inglês, popularizada pelas Andrews Sisters nos anos 1930 e depois gravada por Benny Goodman, tem a participação da cantora Dee Dee Bridgewater. A fusão de folk e swing é a tônica da canção, que conta ainda com belos diálogos entre o violino e o clarinete, além de uma interpretação empolgante de Bridgewater com direito a scat singin’.

A beleza de “Sentimental Journey” na interação entre o baixo de Parrish, que conduz o ritmo, mas também dialoga com violino de Carter e o clarinete de D’Rivera. Com uma levada blues, a canção consegue o seu objetivo que é soar sentimental. Os solos de Carter e D’Rivera sofrem mudanças de andamento como que cantando versos de um velho blues, que expressa uma dor interior. Um ponto alto do álbum.

“You Took Advantage of Me” é cantada por Carla Cook, que faz uma bela interpretação. Os demais instrumentos são relegados ao papel de meros acompanhadores, exceto o violino de Carter que ganha mais espaço com um solo cheio de balanço, na parte mais swingada da canção.

“St. Louis Blues”, que ganhou enorme popularidade com Bessie Smith e Louis Armstrong, nesta versão tem seus versos cantados por Cook. Destaque para os solos em seqüência, primeiro de violino de Carter, depois de acordeom de Goldstein e posteriormente de clarinete de D’Rivera. Carregada de sentimento em sua voz, Cook merece elogios por sua interpretação de uma mulher que sofre por seu amado.

“A-Tisket, A-Tasket”, eternizada na voz de Ella Fitzgerald, ganha aqui uma versão instrumental, na qual o violino de Carter puxa a conhecida melodia onde a voz se encaixaria. O baixo de Parrish e a bateria de Garnett dão o caminho certo para os demais instrumentos conduzirem a melodia com muito swing. Destaque para os duetos entre o violino de Carter e o piano de Davis, que encontram o tempo perfeito e fazem um excelente trabalho de complementação.

A composição de Duke Ellington, “Blue Rose”, tem mais uma vez um belo dueto entre violino e piano, mas desta vez com um tom mais reflexivo que aponta uma direção mais intimista e triste.

“This Can’t Be Love”, composta por Rodgers, parte do musical The Boys from Syracuse, é cantada por Bridgewater com uma interpretação cheia de balanço para a letra irônica da canção que diz: “This can’t be love because I fell so well/ no sob. No sorrow, no sight”. O baixo de Parrish responsável pela condução do ritmo interage muito bem com o piano e o violino, fornecendo todo o suporte, uma vez que a bateria não está presente nesta gravação. O scat de Bridgewater se encaixa muito bem nos diálogos com o piano, o baixo e o violino, dando um balanço muito gostoso à canção. Certamente, um dos melhores momentos do álbum.

“How Ruth Felt”, a única composição de Carter para o álbum, é dedicada a Ruth Felt, presidente da organização de artes San Francisco Performances, que foi importante para Regina durante o período em que sua mãe estava doente. A canção é uma balada construída sobre uma bela melodia intercambiada pelo violino de Carter e o piano de Davis, com uma participação destacada da seção rítmica. Há um quê de ternura em toda a canção, que a torna muito bonita.

A balada “There’s a Small Hotel”, outra composição de Hart e Rodgers, cantada por Cook mantém o clima nostálgico como tema central do álbum. A levada é típica da Swing Era, na qual o violino de Carter e o piano de Davis dialogam com muito entrosamento fazendo o acompanhamento à voz de Cook, cuja interpretação agrega sensualidade e sensibilidade à canção.

“I’ll Be Seeing You” é uma canção sentimental de muito sucesso nos anos 1940 com Bing Crosby, que nesta versão puramente instrumental tem a melodia toda centrada no violino de Carter, que é quem dá a direção, enquanto o acordeom de Goldstein e o piano de Davis fazem o acompanhamento que enriquece a obra. Com essa canção, Carter dá um tom de despedida ao álbum e à sua mãe.

Ainda que o violino no jazz não seja uma novidade, pois artistas como Stephane Grappelli, Jean-Luc Ponty entre outros já o utilizaram antes, ainda não é algo usual. Regina Carter consegue fazer do violino um instrumento tão integrado ao jazz quanto um trompete ou um piano, pois sua habilidade para improvisar e swingar são destacadas. I’ll Be Seeing You: A Sentimental Journey é um álbum que funciona porque apresenta releituras de standards em versões cheias de balanço com muita qualidade.

Todos os músicos que participaram do álbum:
Regina Carter: violino;
Xavier Davis: piano (exceto 4);
Matthew Parrish: baixo;
Alvester Garnett: bateria (exceto 4 e 9);
Dee Dee Bridgewater: vocais (3 e 9);
Carla Cook: vocais (5, 6 e 11);
Paquito D'Rivera: clarinete (1, 2, 3, 4 e 6);
Gil Goldstein: acordeom (1, 2, 3, 6 e 12).

Faixas de I’ll Be Seeing You: A Sentimental Journey:
01. Anitra's Dance [Grieg] 2:55
02. Little Brown Jug [Winner] 4:46
03. Bei Mir Bist Du Schön [Cahn, Chaplin, Jacobs, Secunda] 4:43
04. Sentimental Journey [Brown, Green, Homer] 6:07
05. You Took Advantage of Me [Hart, Rodgers] 4:55
06. St. Louis Blues [Handy] 7:09
07. A-Tisket, A-Tasket [Feldman, Fitzgerald] 8:01
08. Blue Rose [Ellington] 2:52
09. This Can't Be Love [Rodgers] 5:15
10. How Ruth Felt [Carter] 5:52
11. There's a Small Hotel [Hart, Rodgers] 5:21
12. I'll Be Seeing You [Fain, Kahal] 5:09

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Veja o vídeo de Regina Carter interpretando “Anitra’s Dance” ao vivo:



Veja o vídeo de Regina Carter interpretando “Blue Rose” ao vivo: