Steve Coleman é uma daquelas figuras do jazzqueserão lembradas porcriaralgonovodentro deste gênero musical. Importantereferência no jazzatual, Coleman é um dos fundadores do movimento M-Base (“macro-basic array of structured extemporization” ou macro-básico arranjo de improvisação estruturada), que consiste em uma extensão do free funk de Ornette Coleman commaioreslacunas na música, imprevisíveisritmosfunk e uma novalógica de solar, definindo-se em uma complexa teorização musical de integrarfunk, soul, world music e jazz.
No álbumOn the Rising of the 64 Paths, lançado em 2003 pela gravadora Label Bleu, Steve Coleman And The Five Elements fizeram umgrandetrabalhoquesó será apreciado porquemprestarbastanteatenção ao som do grupo. Recém chegados ao jazz devem terdificuldadescomesseálbum.
Na primeira faixa do CD, “64 Path Bindings”, o sax alto de Coleman e a bateria de Sean Rickman parecem seguir uma direção mais frenética como quem anseia por chegar, a flauta sem pressa de Malik Mezzadri segue sabendo que o destino não fugirá, o baixo acústico de Reggie Washington faz o cenário, enquanto o baixo elétrico de Anthony Tidd marca um tempo diferente com grandes espaços como se tocasse só. Mesmo dissonante em uma primeira ouvida, todos os instrumentos se encontram em meio a tanta diferença e fazem dessa uma gostosa canção para se ouvir com atenção.
“Mist and Counterpoise” apresenta uma bela ambientação solene, que é disfarçada por um solo elegante do sax alto. Os dois baixos fazem uma bela contraposição, pois enquanto o acústico, aliado ao trompete, mantém o ritmo lento da canção, o elétrico acompanha o sax e flauta na bela melodia produzida por Coleman e Mezzadri.
As vocalizações ao modo Oriente Médio de Mezzadri que abrem “Call for Transformation” são as mesmas que encerram, mostrando o movimento cíclico na canção, que tem um tema muito bem marcado e constante com os baixos e o trompete. Não apenas nesta canção, mas em quase todo o álbum, as composições de Coleman provam que o baixo acústico de Washington e o trompete de Jonathan Finlayson conseguem suprir a falta de um piano no sexteto.
“The Movement in Self” é introspectiva e abusa nas lacunas e espaços deixados na música. Rickman, Washington e Tidd dão o ritmo lento, mantendo o ouvinte em suspense, enquanto Coleman faz o jogo de oferecer e esconder a melodia. Uma grande canção que requer dedicação do ouvinte para compreender todas as nuances que o grupo fornece.
A únicacanção do álbumquenão foi compostapor Coleman é “Dizzy Atmosphere”, de Dizzy Gillespie., e que nesse momento soa quasecomo uma provocação, afinaldepois de tantas melodias lentas, porvezes arrastadas, a versãoenérgica tocada pelabanda contrapõe tudoque há emOn the Rising of the 64 Paths. Coleman parece dizerqueseu macro-básico arranjo de improvisação estruturada integra tãobem o bebop quanto o funk, os ritmoslatinos e sonsétnicos.
Com “Eight Base Probing” o grupo apresenta umtemacontínuoquemostra a beleza da integraçãoentre o saxalto, o trompete e a flautatantoquando desenvolvem o mesmotemacomoquando se destacam parasolar. O sexteto consegue levar a música a umpontoalto ao rumaremdireção às fronteiras do hard bop, do funk e do free jazz, massemnunca ultrapassá-las. Talvezporser uma das cançõesmaisacessíveis do álbum, este seja um de seusdestaques.
“Fire Revisited” é uma experimentação musical que, primeiramente, nasce da concordância de todos tocarem o mesmotema repetidamente atéque o baixistaacústico Washington é abandonado na tarefa de seguircom o moteparaque os demais possam desenvolverseussolosatéque o próprio Washington abandona o tema e deixa o baixoelétrico de Tidd levar a cançãoatéumhiato de mais de doisminutos. Depois é surpresa de Coleman e não serei euque irei estragá-la contando.
Faixas de On the Rising of the 64 Paths: 01. 64 Path Bindings [Coleman] 6:58 02. Mist and Counterpoise [Coleman] 6:42 03. Call for Transformation [Coleman] 10:43 04. The Movement in Self [Coleman] 6:16 05. Dizzy Atmosphere [Gillespie] 6:07 06. Eight Base Probing [Coleman] 12:47 07. Dizzy Atmosphere (alternate take) [Gillespie] 7:09 08. Fire Revisited [Coleman] 13:37
Valeu a visita ao nosso quintal, brô. É sempre bom saber que tem mais gente que curte jazz. Passarei por aqui para deixar meus comentários sobre os posts. Depois eu "linkarei" seu blog. Abraços
Não seria tão extremista quanto o companheiro acima.Pra apreciar o presente e vislumbrar o futuro e preciso receber as experiências do passado.Sempre é bem-vindo um novo blog de jazz.Cada um com sua própria orientação e algo a acrescentar.Edú.
Natural de Porto Alegre, estou desde 2005 em Florianópolis. Cursei Licenciatura em Letras (Inglês/Português) por quatro anos na UFRGS. Foi nessa época que surgiu o meu interesse por jazz. Posteriormente abandonei o curso para ingressar na faculdade de Psicologia na UFSC. Meu amor pela música é intenso, bem como minha curiosidade pelo novo. Depois de muito ouvir "dinossauros" como Mingus, Coltrane, Miles, Parker, Monk e outros, quis descobrir novos talentos. São algumas dessas descobertas que compartilho neste blog.
5 comentários:
Valeu a visita ao nosso quintal, brô. É sempre bom saber que tem mais gente que curte jazz.
Passarei por aqui para deixar meus comentários sobre os posts. Depois eu "linkarei" seu blog.
Abraços
Parabéns pela iniciativa. Sucesso e vida longa ao Jazz XXI.
Parabéns pelo blogue! Acho o conceito que encontrou muito interessante e pertinente. É tempo de olhar para o presente e para o futuro.
Bacana o Blog, Pablo ! VOu colocar o link no meu !
Abração, Daniel
Não seria tão extremista quanto o companheiro acima.Pra apreciar o presente e vislumbrar o futuro e preciso receber as experiências do passado.Sempre é bem-vindo um novo blog de jazz.Cada um com sua própria orientação e algo a acrescentar.Edú.
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