Rudresh Mahanthappa é umnomemuitoimportantepara o jazz do século XXI. Figuraconstante na votação dos melhores do ano da revista Downbeat, ficou com o segundolugarcomoEstrela do JazzemAscensão no saxalto de 2006. A influência da músicaindiana de seusancestrais é temacorrente na musicalidade de Mahanthappa. Codebook, lançado em 2006 pela gravadora Pi Recordings, é o álbummaisrecente de Rudresh Mahanthappa comolíder. De acordocom o siteoficial do saxofonista, as composições desse CD sãoderivações de métodos e conceitos de criptografia e teoria numérica.
Codebook abre com “The Decider”, quelogo de caradeixaclaroque o que se vai ouvirnão é umestilo musical tradicional. Velocidade e ritmosasiáticossão as primeiras abordagensque o saxalto de Rudresh Mahanthappa oferece ao ouvinte, quelogo está envoltoemAvant-GardeJazz de tirar o fôlego. A seção rítmica do baterista Dan Weiss e do baixista François Moutin imprimem umandamentovelozque se soma ao sax do líder, enquanto o piano de Vijay Iyer ganhadestaqueporimprimirconsistência ao todo.
“Refresh” é uma belacançãoque combina muitobem o saxalto de Mahanthappa com o piano de Iyer. A partir de umtemaindiano, a melodia se desenvolve e o resultado é Post-Bop de qualidadequequebrabarreirasconvencionais e extrapola os limites do gênero nascido na América do Norte.
O balanço de “Enhanced Performance” é conseguido pelobomentrosamento do baterista Weiss e do baixista Moutin, enquanto Mahanthappa é responsávelporimprimirvelocidade e energia à cançãocomsuaexuberanteatuação no sax. Com a maneirarápida e “pesada” de Iyer ao piano, a canção atinge o clímax.
“Further and in Between” mostra a versatilidade de Mahanthappa ao passar de umtema melodioso paraumtemarápido e depoisalternarnovamenteentre os dois. Aos sopros de outrossaxofonistas essa cançãopoderiaser uma balada, mascom Mahanthappa ela é umbeloexemplo de jazz de vanguarda, que consegue ser ao mesmotemposuave e áspera. Tudo está muitobem encaixado nesta canção, pois a seção rítmica é precisa e Iyer mostraporque é um dos principaispianistas do jazz do século XXI.
“Play It Again Sam” é agradável aos ouvidos, poismostra a virtuosidade de Mahanthappa, que extrai umbelo Post-Bop – beirando o Free Jazz – com uma sutilezaquechegaquase a umquê de romantismo. “Frontburner” é, ao contrário da faixaanterior, seca e toda marcada pelaespontaneidade dos músicosque se entregam ao Free.
Em “D (Dee-Dee)” ganham destaque o baixo de Moutin e o piano de Iyer, que fazem as alternâncias de sonoridade e transformam essa em uma canção escorregadia, queleva o ouvinteparaumlado e depois o conduz porcurvas. A imagem de uma serpenteeraconstanteemminhamente ao ouvir essa canção.
“Wait It Through” é um Post-Bop de primeiraqualidadecomumtrabalhoconjunto do quartetomuitobom. Cadainstrumento é acrescido à cançãocomprecisão e fazem tantonossolosquanto na totalidadeumtrabalho primoroso. Ecos de John Coltrane e Eric Dolphy podem ser percebidos à distância, mas Mahanthappa tem suaprópriamaneira de tocar e compará-lo aos grandes do passado é apenas uma maneira de referenciar, e elogiarporextensão, masjamais reduzi-lo. Mahanthappa é um dos grandesnomes da atualidade e pode ser o maioremalgunsanos.
“My Sweetest” retoma a melodiasax à indianapara se transformarem uma belabalada ao melhorestilo do convencionaljazznorte-americano. Será? A seção rítmica, masprincipalmente Weiss, está aquiparamostrarqueessequartetoaindaandasobre as linhas do Post-Bop. Mahanthappa e Iyer formam uma dupla de ouropara o jazzatual e nessa faixacadaum demonstra o porquê dessa afirmação.
Faixa de Codebook: 01. The Decider [Mahanthappa] 7:04 02. Refresh [Mahanthappa] 6:36 03. Enhanced Performance [Mahanthappa] 6:09 04. Further and in Between [Mahanthappa] 8:14 05. Play It Again Sam [Mahanthappa] 7:06 06. Frontburner [Mahanthappa] 3:46 07. D (Dee-Dee) [Mahanthappa] 5:54 08. Wait It Through [Mahanthappa] 6:10 09. My Sweetest [Mahanthappa] 6:21
Natural de Porto Alegre, estou desde 2005 em Florianópolis. Cursei Licenciatura em Letras (Inglês/Português) por quatro anos na UFRGS. Foi nessa época que surgiu o meu interesse por jazz. Posteriormente abandonei o curso para ingressar na faculdade de Psicologia na UFSC. Meu amor pela música é intenso, bem como minha curiosidade pelo novo. Depois de muito ouvir "dinossauros" como Mingus, Coltrane, Miles, Parker, Monk e outros, quis descobrir novos talentos. São algumas dessas descobertas que compartilho neste blog.
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