quarta-feira, 30 de julho de 2008

Uma noite com Eldar no Blue Note.

Considerado uma das mais promissoras figuras do jazz atual, Eldar Djangirov, um jovem pianista nascido no Quirguistão, gravou Live at the Blue Note entre 11 e 14 de outubro de 2005, no tradicional Jazz Club de Nova York, quando tinha apenas 18 anos de idade. Lançado pela gravadora Sony Classical em 2006, o álbum chamou logo a atenção por se tratar de um prodígio ao piano que foi comparado pela imprensa especializada a Art Tatum e Oscar Peterson.

A primeira faixa do álbum é uma das composições mais conhecidas de Cole Porter: “What Is This Thing Called Love”. A velocidade de Eldar ao piano impressiona, enquanto o baixista Marco Panascia e o baterista Todd Strait precisam se esforçar para acompanhar. Rápido como uma paixão adolescente, o ritmo desse arranjo deixa uma pergunta para ser respondida nas próximas faixas do CD: além de sua técnica invejável, o que mais Eldar pode mostrar?

“Someday” é um lindo dedilhar sobre as teclas do piano e uma melodia deliciosa. Eldar imprime uma sonoridade limpa e clara ao seu piano, tornando-o de fácil apreciação para o público.

O trompetista Chris Botti se junta ao trio para uma participação especial na faixa “You Don’t Know What Love Is”, de DePaul e Raye. A melodia à Chet Baker de Botti encontra perfeito par na sutileza de Eldar ao piano. Uma ótima balada que marca um dos pontos altos do álbum.

“Daily Living” é agradável, apesar de um tanto previsível. Nenhum dos músicos se arrisca nesta canção, tanto que o destaque total se destina à habilidade e velocidade do pianista, porque Strait e Panascia fazem apenas o acompanhamento rítmico.

“Dat Dere” é muito bem construída sobre a marcação de tempo de Strait e Panascia, queum entrosamento maravilhoso, enquanto Eldar dedilha elegantemente as teclas de seupiano extraindo uma melodia precisamente linda com muito balanço. alcançam

Ao tocar a canção mais lenta do set-list, “Besame Mucho”, Eldar traz à tona a sentimentalidade gravada nesta melodia de Skylar e Velázquez. Muito preciso em suas notas, o pianista também se sai bem em suas improvisações, mostrando que suas habilidades musicais vão muito além de desafiar os limites de velocidade que seus dedos alcançam ao piano.

Para tocar um clássico de Monk, o trio recebe no palco o trompetista Roy Hargrove e juntos executam “Straight, No Chaser”. Os estilos de Monk e Eldar são bem diferentes, pois enquanto o primeiro tinha um balanço natural e gostava das lacunas deixadas na música, o segundo é mais cerebral e busca preencher cada espaço com notas rápidas. Qual o resultado dessa versão? Ficou ótima, pois Eldar leva seu solo a uma grande velocidade e seu dueto com Hargrove é um delicioso contraponto entre ambos os músicos. Muita energia e intensidade em outro ponto alto do álbum.

Opondo-se ao clima criado anteriormente, “Sincerely” é quase uma sonata, na qual Eldar solo ao piano faz um lindo trabalho. “Chronicle” é uma canção rápida com uma boa interação entre o trio. O balanço demonstrado nesta canção mostra o potencial dos músicos em explorar diferentes caminhos, o que é muito positivo. Este é o momento de mais swing de Eldar, Panascia e Strait durante essa apresentação no Blue Note.

Para encerrar a noite, Eldar escolheu uma das canções mais conhecidas da história do jazz, “Take the “A” Train”, de Strayhorn. Se Duke Ellington levou muita gente a dançar com essa canção, Eldar a transforma em um desafio para a sua própria velocidade. Um exibicionismo? Sim. Ninguém duvida da habilidade dele como pianista e a maneira como as notas são rapidamente lançadas ao ar mostram bastante de sua capacidade; no entanto, a canção perdeu o que tinha de melhor – o seu balanço.

Respondendo a questão inicial, Eldar mostra neste álbum um senso musical apurado que pode ser observado nas passagens mais lentas, mas sobretudo se destacam a clareza e a limpidez de seu dedilhar.

Faixas de Live at the Blue Note:
01. What Is This Thing Called Love [Porter] 8:00
02. Someday [Eldar] 9:37
03. You Don't Know What Love Is [DePaul, Raye] 6:12
04. Daily
Living [Eldar] 8:18
05. Dat Dere [Timmons] 9:39
06. Besame Mucho [Skylar, Velázquez] 8:10
07. Straight, No Chaser [Monk] 7:02
08. Sincerely [Eldar] 5:51
09. Chronicle [Eldar] 10:33
10. Take the "A" Train [Strayhorn] 2:50

Ouça um pouco do álbum no site oficial de Eldar.

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Abaixo trechos em vídeo da apresentação:


Um comentário:

Heide Wittgensz disse...

Der Samba ist nicht in erster Linie die Bezeichnung für
einen bestimmten Rhythmus. Der Samba ist die
brasilianische Musik, die sich aus der Verbindung der
drei Rassen, der Portugiesen, der Indianer und der
Afrikaner, die das brasilianische Volk ausmachen,
entwickelt hat. Der Samba ist bei uns beinahe eine
Sache des Blutes, der Name eines Gefühls
geworden.