
A primeira faixa do álbum é “A Single Sky”, uma canção curta com pouco mais de 2 minutos, que introduz o ouvinte à sonoridade do sexteto. Aí estão pontos altos que serão muito bem explorados em todo o álbum, como o baixo bem marcado de James Genus, os duetos bem arranjados entre o trompete de Dave Douglas e o sax tenor de Chris Potter, a guitarra de Bill Frisell surgindo como alternativa aos sopros. Apesar de curta, essa canção é repleta de possibilidades de audição, primeiro porque não desenvolve nenhum solo, depois deixa a vontade de querer ouvir mais, o que é subitamente cortado por um decrescendo que vai marcando a saída de Douglas, do Fender Rhodes de Uri Caine até deixar a última nota para as cordas de Frisell.

“Skeeter-ism” tem uma sonoridade nostálgica e sentimental, cujos duetos são os pontos de maior destaque. De início Douglas com seu trompete e Potter com seu clarinete baixo definem a direção melódica, enquanto o baixo de Genus e a bateria de Penn dão ritmo à canção. A guitarra de Frisell e o Fender Rhodes de Caine dão seguimento à sessão de ótimos duetos dessa faixa. Certamente esse é um dos pontos altos do álbum, pois essa é uma canção deliciosa de ouvir.

“Seventeen” é uma canção impetuosa com uma forte razão de ser no bebop. O baixo de Genus é marcado com intensidade e a bateria de Penn dá o ritmo por vezes quase frenético à canção, que se desenrola em solos enérgicos de sax tenor por Potter, de Fender Rhodes por Caine e, claro, de trompete por Douglas.

“Rock of Billy” é centrada na guitarra de Frisell, que dá início à melodia, que tem prosseguimento com o Fender Rhodes de Caine e o trompete de Douglas. Apesar do título de muitos sentidos e dos primeiros acordes que podem enganar, o que se ouve é um hard bop de ótima qualidade com direito a bons solos como o de sax tenor de Potter e ao ótimo dueto de sopros com as seis cordas de acompanhamento.
O sax tenor de Potter e a guitarra de Frisell tocando em uníssono dão o mote a “The Frisell Dream”, uma canção com sólidas bases alicerçadas no marcante baixo de Genus e na bateria de Penn, cujo ritmo sustenta a melodia suave e ao mesmo tempo cheia de balanço que é conduzida ora pelo trompete de Douglas, ora pela guitarra de Frisell, ora pelo sax de Potter, enquanto os três não se juntam em harmonia para encerrar a canção.

O trompete com surdina de Douglas funciona como um chamado para os demais integrantes do grupo em “The Jones”. Estabelecendo um agradável ritmo com seu baixo, Genus proporciona, em conjunto com a bateria de Penn e o Fender Rhodes de Caine, um ambiente que permite o desenvolvimento de duetos muito bem articulados entre trompete e sax tenor, bem como o solo empolgante de teclado.
“Catalyst” encerra o álbum com uma forte referência ao fusion, uma vez que o baixo elétrico de Genus, a guitarra de Frisell e o Fender Rhodes de Caine se juntam à bateria de Penn para reviver as bases da sonoridade jazzística dos anos 1970. Com esse fundo, o que temos são solos livres e energizantes de sax tenor por parte de Potter e de trompete por Douglas.
Strange Liberation é um álbum multifacetado que percorre as muitas vertentes do jazz para criar a sua identidade. Além do talento de Dave Douglas como compositor e intérprete, que já recebeu o elogio (e ao mesmo tempo a pesada responsabilidade) de ser o trompetista que mais soa como Miles Davis atualmente, este disco tem um importante acréscimo ao contar com o músico convidado Bill Frisell, um dos principais guitarristas vivos do jazz, além do ótimo baixista James Genus que deixou sua participação marcada com louvor nas onze faixas desse álbum. Douglas é um nome que faz a diferença no jazz do século XXI, e o seu trabalho ajuda a definir rumos para a sonoridade do gênero.
Todos os músicos que participaram do álbum:
Dave Douglas: trompete;
Bill Frisell: guitarra;
Chris Potter: saxofone tenor, clarinete baixo;
Uri Caine: Fender Rhodes;
James Genus: baixo acústico e elétrico;
Clarence Penn: bateria, percussão.
Faixas de Strange Liberation:
01. A Single Sky [Douglas] 2:05
02. Strange Liberation [Douglas] 8:05
03. Skeeter-Ism [Douglas] 6:00
04. Just Say This [Douglas] 6:33
05. Seventeen [Douglas] 8:40
06. Mountains from the Train [Douglas] 5:15
07. Rock of Billy [Douglas] 5:57
08. The Frisell Dream [Douglas] 3:56
09. Passing Through [Douglas] 1:36
10. The Jones [Douglas] 4:28
11. Catalyst [Douglas] 5:08
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