
A primeira faixa do álbum é “Seis Cinco”, que logo de início já revela a influência da musicalidade porto-riquenha e latino-americana no trabalho de Miguel Zenón. O piano de Luis Perdomo soa efetivamente como um instrumento de percussão, tal como indica a origem do som do aparelho, uma vez que a condução rítmica é primeiramente levada por ele, até que se juntam Antonio Sánchez na bateria e Hans Glawischnig no baixo. O sax alto de Zenón parte de uma melodia simples baseada em curtos fraseados repetitivos, que se desenvolvem em um solo mais intrincado. Uma mudança de andamento traz o piano de Perdomo para o primeiro plano, enquanto o ótimo Sánchez e Glawischnig fazem o acompanhamento. Zenón retoma a musicalidade festiva de Porto Rico em seu sax alto para encerrar a faixa.

“Punto Cubano” nasce da interação entre a seção rítmica (Perdomo, Glawischnig e Sánchez) e os fraseados curtos de Zenón. A partir daí, a canção se desenvolve em um bonito solo de piano de Perdomo, que se encerra ao encontrar o sax alto de Zenón, cujo solo tem um quê de lamento.

Em “Chorreao” o destaque fica para a precisa marcação rítmica de Sánchez na bateria, que faz a complementação ideal para os fraseados curtos e pontuais de sax alto de Zenón. Ainda que o tema seja repetitivo, o ritmo é contagiante e certamente agradará a todos que gostam de jazz com um tempero latino.

“Villarán” aproveita o final da canção anterior, mas logo a partir de uma breve introdução do baixo de Glawischnig, o ritmo muda sua cadência, tornando-se mais pulsante, mas não rápido. O sax alto de Zenón dá o tema e Perdomo ao piano desenvolve-o, depois há uma troca constante entre ambos na condução melódica. Mudanças de andamento e ótimos solos fazem dessa uma das melhores canções do álbum.
“Mariandá” parte de um ritmo lento e de uma melodia arrastada e fragmentada liderada pelo sax alto de Zenón, que a desenvolve a medida que a bateria de Sánchez, o baixo de Glawischnig e o piano de Perdomo encontram o seu caminho. A partir daí a interação entre o saxofone e o piano faz um dueto agradável, que culmina em momentos mais intimistas com mudanças de andamento e um final diferente do esperado.
A faixa que dá nome ao álbum, “Jíbaro, é também a última do CD. Partindo de um início mais alegre, no qual o piano de Perdomo está em primeiro plano, o baixo de Glawischnig deixa a sua marca com destaque e a bateria de Sánchez ressoa os pratos, o chimbal e o bumbo, a canção tem um ritmo mais sacolejante. Ao entrar, Zenón no sax alto desenvolve o tema principal da canção e assume a liderança nos caminhos da melodia. Nessa faixa, o saxofonista pode mostrar mais velocidade e capacidade de improvisação, o que não é tão evidente em outros momentos do álbum, uma vez que a marca de Zenón é o seu estilo suave e altamente melódico.
Mesmo sem contar com instrumentos típicos da música porto-riquenha, o quarteto de Miguel Zenón conseguiu transpor toda a musicalidade e festividade da música caribenha para o seu jazz. Jíbaro é um trabalho repleto de qualidade que agradará os fãs de jazz latino. Zenón é um importante nome no saxofone alto neste século XXI, pois seu estilo suave e melodioso não o fixa como um músico conservador e tampouco inovador.
Todos os músicos que participaram do álbum:
Miguel Zenón: saxofone alto;
Luis Perdomo: piano;
Hans Glawischnig: baixo;
Antonio Sánchez: bateria.
Faixas de Jíbaro:
01. Seis Cinco [Zenón] 5:45
02. Farjardeño [Zenón] 6:53
03. Punto Cubano [Zenón] 8:07
04. Aguinaldo [Zenón] 7:29
05. Chorreao [Zenón] 5:54
06. Enramada [Zenón] 6:11
07. Villarán [Zenón] 9:09
08. Llanera [Zenón] 6:18
09. Mariandá [Zenón] 5:47
10. Jíbaro [Zenón] 7:30
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